Primeiro de maio: dia do trabalho ou dia do trabalhador?

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É de conhecimento geral que os sindicatos se organizaram e representam os trabalhadores nas lutas por melhores condições de trabalho. Esses movimentos aconteceram primeiro na Inglaterra onde, a partir de meados do séc. XIX, temos a Revolução Industrial e chegaram ao Brasil, no início do séc. XX, junto com as primeiras fábricas, de braços dados com a “modernidade das máquinas” e a vida urbana.

Vários foram os momentos em que os interesses conflitantes entre o capital e o trabalho se acirraram. Um deles virou ícone e marca registrada de toda essa luta: o massacre aos operários em greve, na cidade de Chicago (EUA), no (aparentemente longínquo) ano de 1886.

Trata-se do 1º de maio, o Dia do Trabalhador, data estabelecida como marco para a luta dos trabalhadores em 1889, durante um congresso realizado em Paris, a Segunda Internacional Socialista. Já no Brasil, a data se firmou em 1924 e tomou o caráter de marco para o anúncio de medidas em benefício dos trabalhadores, especialmente a partir do governo de Getúlio Vargas. Em muitos países, é feriado nacional!

E o que acontece neste “feriado”? Eu enxergo facilmente dois pesos e duas medidas, como ensinou-me um livro infantil O Frio pode ser Quente, pois “tudo depende do jeito que a gente vê”   e também Leonardo Boff, em A Águia e a Galinha, pois “todo ponto de vista é a vista de um ponto”.

Então, temos de um lado, os empresários e seus empreendimentos, que se esmeram em promover atividades esportivas para seus “colaboradores”, com shows, rifas e refeições gratuitas. No caso das fábricas, isso geralmente ocorre próximo ao local de trabalho, nas associações desportivas. Aos desavisados, essas atividades soam facilmente como se não existisse o fosso entre o capital e o trabalho…

E nós, trabalhadores, não podemos esquecer que os avanços nos nossos direitos já foram entendidos por muitos e durante muito tempo, como dádivas dos poderosos. Então, é sempre bom lembrar que: reduzir a jornada de trabalho de 16h/dia para 8h/dia, ou limitar o trabalho infantil, ou ainda, ter direito a um ambiente saudável de trabalho, sempre foi conquista, sempre foi resultado de luta e de mobilização. Sempre foi resultado de organização e estratégia.

Aproveito pra destacar os professores e os trabalhadores em escolas. Questões como o limite de número de alunos por turma, o triênio, o direito de levar o filho menor ao médico sem o desconto do dia, a hora atividade e o recesso escolar são apenas alguns dos principais direitos que garantimos nas lutas e nas negociações, a cada ano que passa.

Parece que há uma resposta rápida e simples:

– quem comemora o “Dia do Trabalho” coloca o foco numa única caraterística do ser humano, a da sua força e capacidade de produzir riquezas e conhecimentos;

– quem comemora o “Dia do Trabalhador” reconhece essa capacidade produtiva mas enxerga além –  é o ser humano atuando em sociedade, o cidadão. Aquele que também produz cultura, arte e tem espiritualidade. O ser humano completo!

O que falta lembrar é que a diferença entre usar uma ou outra palavra, identifica ter – ou não – a consciência da classe a que pertencemos. O que você vai comemorar neste 1º de maio?

Marta Regina Heinzelmann

Presidenta do SINPRONORTE 2020/2024

Maio 2023

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