Sem acordo no reajuste do Piso Estadual

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Trabalhadores pedem 15% e empresários oferecem somente 6%, nova reunião será agendada para início de fevereiro

A terceira rodada de negociação sobre o percentual de reajuste do Piso Estadual de Salários, aconteceu dia 14 de janeiro na sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina – FIESC em Florianópolis e terminou sem acordo entre representantes dos trabalhadores e dos patrões. Uma nova reunião será marcada para início de fevereiro, a expectativa é que avancem nas negociações para não transferir essa decisão ao governo do estado.

piso estadual 2016Representativa, essa foi a característica da reunião de negociação do reajuste do Piso para o ano de 2016. Um grande número de representantes dos trabalhadores ocuparam um lado da mesa de negociação e reforçaram o pedido de reajuste de 15% em todas as faixas do Piso Estadual. Do outro lado, representantes patronais de várias categorias e regiões do estado, expuseram dificuldades econômicas e mantiveram a proposta de 6%.

O coordenador do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos – DIEESE, Ivo Castanheira falou que os representantes dos trabalhadores só vão reajustar a proposta, quando os empresários sinalizarem que não pagarão abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC. Em 2015 o INPC fechou em 11,27%, esse índice é o que mede a variação de gastos no último ano e é utilizado como base para orientar o reajuste de salários, frente à inflação.

O economista do DIEESE, José Álvaro Cardoso participou da mesa de negociação e comentou que não se nega que existe uma recessão, mas que na visão dos empresários ela está sendo superestimada. “Não negamos à crise, mas temos certeza que não deve ser descarregada pra cima de quem é a solução dessa situação, que são os trabalhadores”, José Álvaro explica que é reajustando o salário que a economia cresce, pois assim o dinheiro circula dentro do mercado interno. O economista destacou também que o Piso Estadual representa o salário mais baixo da pirâmide, representa um valor mínimo para as pessoas viverem dignamente. “Não estamos falando do salário de 20 a 30 mil, estamos falando de trabalhadores que recebem mensalmente o que muitos executivos gastam num almoço”, frisou José Álvaro aos representantes dos empresários.

A presidente da CUT-SC, Anna Julia Rodrigues, participou da mesa de negociação e destacou que o reajuste é uma decisão política. “Inaceitável que o Piso Estadual de Santa Catarina, um estado com altos índices de desenvolvimento econômico, tenha apenas 6% de reajuste, enquanto o salário mínimo nacional teve um aumento de 11,6%, vamos lutar por melhores salários para os nossos trabalhadores”, salientou Anna Julia.

Os debates iniciados em dezembro já demonstraram que esta deverá ser a negociação mais difícil entre as realizadas. Este é o quinto ano que o piso é negociado e o ponto de concordância entre empresários e trabalhadores é que a experiência única vivida no estado deve continuar sendo o caminho para definir os valores do reajuste. Definido em Lei, o
Piso Salarial regional existe atualmente em 5 estados brasileiros, mas somente em Santa Catarina o processo de definição do reajuste passa pelo debate entre entidades representantes dos trabalhadores e dos empresários, para em seguida ser transformado em Projeto de Lei pelo governador e encaminhado à Assembleia Legislativa, onde é avaliado nas Comissões e finalmente aprovado em Plenário. Mesmo quando esta aprovação ocorre mais tarde durante o ano, o reajuste deve ser pago de forma retroativa, a partir do mês de janeiro.

Fonte: CUT-SC (Jornalista Silvia Medeiros)

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